quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Córrego da Fortuna - Atividade educativa


INDICE:
Introdução.
Justificativa.
Objetivo.
Desenvolvimento, técnicas e finalidades.
Observação (pilhas).
ISSO 14001.
Conclusão.


INTRODUÇÃO;
No decorrer deste projeto vamos juntos descobrir e analisar, a grande importância da reciclagem. Os benefícios para o meio ambiente, para vida e para renda financeira.


JUSTIFICATIVA;
O homem observou que desde o ano de 1980 tem aumentado muito o consumo de recursos industrializados... E com ele a poluição do meio ambiente.
Os aterros, já não conseguem absorver tanto lixo; a degradação do meio ambiente estava, e estar tomando proporções perigosas para nossa própria vida.

Num projeto de arte pode haver uma variação no interesse da confecção do objeto, porém, vale ressaltar a técnica e o que se pretende trabalhar. Nesse projeto específico, ressaltamos que além da importância do trabalho artístico, existe a importância do que usamos na confecção, como a preservação ambiental, o baixo custo de matéria, a ação do cidadão artista elevando a auto-estima com a facilidade da produção, onde independente da idade e habilidade, todos podem realizar e obter sucesso.


OBJETIVO;
Promover cidadania com a preservação do meio ambiente.
Valorizar o trabalho artesanal partindo da própria sensibilidade.
Despertar o trabalho coletivo.
Interagir com diferentes estética e artistas.
Transformar, construir, reciclar e comunicar-se articulando percepção, imaginação, memória, sensibilidade, reflexão e conscientização.
Estreitar os laços: homem e natureza com interesse e curiosidade,indagando,discutindo, argumentando e apreciando com sensibilidade.
E vendo o desenvolvimento deste novo despertar do homem, como uma alternativa sustentável e empregatícia.


Quase tudo hoje em dia pode ser reaproveitado.
Destacando aqui os quatros principais produtos recicláveis mundialmente, tanto de forma industrial, como na forma de artes plásticas.

São eles; O vidro, o plástico, o metal, o papel.

A diversidade de reciclagem artesanal é muita... Pois como disse Lavoisier; nada se perde tudo se transforma.
Quando não ajudamos a natureza nessa transformação, ela faz.
Só que demora anos dependendo da composição química de cada objeto. Enquanto isso vai aumentando a poluição, as enfermidades, e deixando de reaproveitar... Só tirando da fonte, essa uma dia pode secar.
Seca a fonte... Morre seus sugadores...
Por não ter cuidado de suas riquezas.
Principal objetivo de tudo isso; preservar nossas vidas... Utilizando o temos com responsabilidade. Reciclando o velho; fazendo de ele surgir um novo... Evitando as retiradas compulsivas, desnecessárias da natureza. Para não faltar aos nossos futuros decentes.


DESENVOLVIMENTO DAS TECNICAS E SUAS FINALIDADES. DESTACANDO TODO O PORQUÊ DESSE NOVO EMPREENDIMENTO COMERCIAL NO MUNDO DOS HOMENS. SUAS PREOCUPAÇÕES E VANTAGENS DESTA NOVA ETAPA DE EVOLUÇÃO HUMANA. CUIDAR PARA NUNCA FALTAR... UNIÃO DA INDÚSTRIA COM O ARTESANAL... POR UM PLANETA MAIS SALDAVEL... MAIS BONITO... MAIS CONCIÊNTE DE SUAS RESPONSABILIDADES.

RECICLAGEM OU SEJA, TRABALHO SUSTENTAVEL.

O QUE É COLETA SELETIVA.
A coleta seletiva vem sendo uma das soluções no problema do lixo... A outra é o trabalho de reciclagem artesanal.
Através da coleta seletiva podemos separar as matérias recicláveis das não recicláveis, Isso quer dizer que uma parte do lixo pode ser reaproveitada deixando de se tornar uma fonte de degradação, para o meio ambiente e tornando-se uma solução econômica e social, passando a gerar empregos e lucros.
A coleta seletiva é feita através de catadores, que inteligentemente já reconhecerão que lixo pode ser riqueza; através de cooperativas governamentais ou não governamentais ou por carros de coletas, já especializados para tais funções.
E importante a colaboração da comunidade.
Para facilitar foi desenvolvidos métodos de recipientes por cores específicas para cada material reciclável.

AZUL; Papelão ou papel

VERMELHO; Plásticos.

VERDE; Vidro.

AMARELO; Metal.

PRETO; Madeira.

LARANJA; Resíduos perigosos.

BRANCO; Resíduos ambulatórias e de risco a saúde.

ROXO; Resíduos radiativos.

MARRON; Resíduos orgânicos.

CINZA; Resíduos gerais não recicláveis ou misturados, ou contaminados não possíveis de separações.


METAL; DEIXANDO COMO EXEMPLO O ALUMINIO;
O mais reciclado dos metais por ter um aproveitamento nas indústrias de 100% nas indústrias. Derretidos e reaproveitados em novos objetos. Além de serem recursos não renováveis leva cerca de 500 anos para se decompor na natureza.

Exemplo de objetos metálicos ou que contenha o mesmo na sua composição. Lata óleo, de leite em pó, de alumínio, outras sucatas de reformas.
Também de grandes utilidades em artes plásticas.
Exemplos objetos decorativos bijuterias etc.


PAPÉL;
Por cada tonelada de papel reciclado evita-se o abate de 20 arvores de grande porte como, por exemplo, o Eucalipto; Acásia e o pinheiro. Sendo estás às celuloses mais usadas para industrialização. Economiza-se ainda 71%de eletricidade, 90% de água e 74% de poluição no ar.
Exemplos de papeis recicláveis; Jornais, folhas de cadernos caixas de papelão, envelopes, cartazes etc.

Exemplos de não recicláveis; Papéis sanitários, carbonos, sujos, tocos de cigarros etc.

Na arte plástica são invariáveis criações. Ex; Portas lápis, móveis etc.


VIDRO
O vidro é fabricado a base de areia, calcário, soda cáustica e cacos de vidros. Por cada tonelada de vidro reciclado economiza-se cerca de 1 300 kg de areia, diminuem-se a poluição atmosférica e hídrica.
VIDROS; Recipientes em geral; EX; Garrafas, copos etc.

Na arte plástica. Ex; Potes pintados, garrafa com decopagem.

PLÁSTICOS;
O plástico leva em tempo médio 200 a 500 anos para se decompor. (Dependendo de construção química) incluindo que alguns são fabricados de recurso não renovável o petróleo; e que é altamente poluente. Exemplos de recursos plásticos; Embalagem de refrigerantes, de produtos de limpeza, sacos plásticos etc.
O plástico na indústria tem aproveitamento de 100%.
E no artesanal hoje é um dos mais usados.
Ex; Flor, árvore de natal, move etc.

OBSERVAÇÃO; As pilhas mesmo não estando dentro dos quatros recursos mais usada na reciclagem ela desperta uma alerta para isso. As pilhas, contem perigosas matérias tóxicas, que provocam poluição ao nível dos solos e das águas subterrâneas, podendo ainda provocar nos homens doenças gravíssima, como o cancro. A reciclagem das pilhas ajuda a recuperar compostos químicos que podem voltar a serem usados no fabrico de novas matérias.

O QUE É ISSO 14001?
A ISSO 14001 é uma série de normas internacionais sobre gestão ambiental. Elas fornecem uma estrutura para as organizações gerenciarem os impactos ambientais oriundos da SUS atividades produtos e serviços, importa qual seja seu porte ou ramo de atividade.

O certificado da ISSO 14001 é um dos mais reconhecido em todo o mundo na área do meio ambiente e para a sua obtenção é necessário entre outras ações, a importância da reciclagem do lixo, por ser esta uma ação fundamental na redução do impacto ambiental causado por sua empresa.

CONCLUSÃO;
Cada dia que passa aumenta o consumo de objetos industrializados e também a necessidade de se fazer algo para diminuir a poluição.
O homem como produto do meio descobriu mais uma vez como fazer isso de uma maneira favorável a todos.
Com a arte de reciclagem desenvolve novas fontes de trabalhos sustentáveis, despolui o meio ambiente protegendo-se de futuras doenças, contribui para preservação de recursos não renoveis, desperta a cidadania, aumenta a sensibilidade humana. Ativa a memória e criatividade, e aumenta sua renda financeira, a partir do momento que usa o ato de reciclar.

Ela é um trabalho sustentável, já reconhecido mundialmente e visto como uma maneira de produzir com baixo custo e obter lucros financeiros e diversificados,como foi citado no desenvolvimento deste projeto. Devido sua amplitude, e levando em conta o espaço de tempo para apresentação do mesmo escolhemos um recurso para demonstração. Objetos a base de plásticos (garrafas pet). Dando preferência aos natalinos. Árvores de natal e alguns acessórios.
Para complemento da parte teórica será apresentados alguns objetos reciclados a base de papel, metal, vidro e tecido.
Com a intenção de desperta nos telespectadores a curiosidade, e um maior interesse por á arte de reciclagem.
Seminário Final – USF Alto do Maracanã


Encerramos as atividades do módulo de Atenção Primária à Saúde I nesse semestre no dia 17 de dezembro com uma apresentação do tipo expositiva na qual foram expostas para a turma todas as atividades realizadas no âmbito da unidade de saúde durante o período de trabalho no segundo semestre de 2009.
Durante o período em questão foram realizadas visitas de reconhecimento ao território com vistas a compreender melhor o espaço geográfico de circunscrição à unidade de saúde e entender como se dão os processos de doença mais comuns na comunidade pela qual a USF (Unidade de Saúde da Família) fica responsável.
Foi feito também o reconhecimento da unidade de saúde com toda a sua equipe, visando uma integração com esta, o que foi muito proveitoso visto que iremos passar mais três semestres aprendendo e contribuindo na USF.
Para encerrarmos nossas atividades de fato junto à unidade de saúde no período foi promovida na última semana uma atividade educativa de saúde abordando o tema da Hanseníase, um problema de saúde da comunidade, com a intenção maior de orientar sobre como lidar melhor com tal enfermidade.
No dia da apresentação do seminário final também foi apresentado o balanço do trabalho feito dentro do blog onde foi exposto cada artigo postado com a finalidade principal de mostrar a importância desse trabalho o qual serve como portfólio para os demais grupos.
Esse 1º período foi bastante proveitoso do ponto de vista do módulo prático, pois este nos iniciou em um eixo importante do aprendizado acadêmico com o qual nos defrontaremos até o fim do curso e que nos servirá de estrutura principal para nossas vidas profissionais.

Atividade de Educação em Saúde – USF Alto do Maracanã


No dia 10 de dezembro deste ano realizamos na comunidade do Alto do Maracanã uma atividade de educação em saúde sobre o tema da Hanseníase. A atividade foi realizada na Escola Municipal Alto do Maracanã, uma escola de ensino primário e fundamental existente na comunidade.
O tema foi escolhido em conjunto com a direção da escola em visita prévia. A escolha se deu devido ao fato de há pouco terem ocorrido casos da doença entre alunos da escola – esses haviam contraído a enfermidade a partir dos seus pais – fato que causou grande preocupação junto aos pais dos demais alunos em virtude da gravidade da doença e a não saber como lidar com ela visto também ser uma doença que possui um forte estigma social, que leva a um forte preconceito.

A atividade foi realizada em dois turnos onde a equipe de alunos se revesou para que pais dos dois turno de aula da escola pudessem participar da atividade, sendo a primeira palestra realizada as 10:00h e a segunda as 15:30. Em média de 60 pais de alunos participaram da atividade somando-se os dois turnos.
O estilo de palestra expositiva foi o escolhido para realizar o trabalho. Nessa palestra foram abordados temas como o contágio, a prevenção, os principais sintomas e o tratamento dando-se ênfase principalmente a combater o preconceito social sobre a doença mostrando que ela tem cura se for tratada de forma adequada e por isso não é motivo para exclusão do enfermo de seu ínterim social.

A comunidade presente recebeu bem nosso trabalho, participou ativamente da atividade nos questionando e esclarecendo dúvidas e demonstrando grande satisfação ao final. Estiveram presentes, inclusive, pais que já foram acometidos pela moléstia e que estão completamente curados atualmente, essas presenças foram importantes, pois seus depoimentos só fizeram reforçar nossas explicações e serviram de prova ao nosso trabalho.
A direção da escola também sentiu-se muito agradecida e declarou achar importante esse tipo de atividade na comunidade.
Para nós além do aprendizado precoce tão aprofundado sobre esse tipo de enfermidade, visto ainda cursarmos o primeiro período do curso médico, ficou a gratificante experiência do trato e do contato com a comunidade.
Comunidade Alto do Maracanã

A comunidade do Alto do Maracanã está inserida dentro do bairro de Dois Unidos dentro da área que fica sob responsabilidade do Distrito Sanitário II, fazendo parte da microrregião 2.3. A comunidade possui uma USF (Unidade de Saúde da Família) Esta foi criada a partir da primeira divisão territorial de saúde no bairro de Dois Unidos, visto que antes tudo se concentrava na USF Bianor Teodósio, a qual para a população da comunidade era de difícil acesso devido à distância.

A unidade é muito bem estruturada e dispõe de uma boa estrutura física e de bons equipamentos, além de uma boa equipe de saúde, na qual estão à frente dois Médicos, duas Enfermeiras e um Odontólogo, além doa auxiliares de enfermagem e demais profissionais.
Doze Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s) fazem as rondas diárias na comunidade, promovendo serviços essenciais de saúde, os quais são altamente elogiados pela população em geral.
A unidade de saúde contempla 1600 famílias com visitas de seus profissionais e atende em média 40 pacientes por dia dentro das instalações da USF.
A comunidade possui topografia acidentada, o que reflete na condição de moradia da maior parte da comunidade, a qual vive em encostas de barreiras. A comunidade também é vizinha a reserva ecológica da mata de Dois Unidos, um resquício de Mata Atlântica protegido por leis Federais, Estaduais e Municipais.

A comunidade sofre com problemas de falta de rede adequada de esgoto e com o racionamento de água. Locais de atividades esportivas na comunidade se restringem aos campos de terra. O comércio é pequeno, restringindo-se a atender as necessidades básicas da comunidade e os serviços de transporte atendem eficientemente a demanda da população.
O fato positivo que deve ser destacado, além do eficiente serviço de saúde, é à base de operações do projeto PROMETRÓPOLE, instalada no bairro de Dois Unidos e que traz excelentes perspectivas de melhoras em infra-estrutura de saneamento para a população local.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

USF-Córrego da Bica






Localização


A USF-Córrego da Bica do Distrito III localizada na rua de Santa Terezinha no Bairro de Passarinho faz limite com os bairros: Brejo da Guabiraba, Guabiraba, Brejo do Beberibe e com o município de Olinda, ficando a comunidade nas proximidades da BR-101 na altura do campo de treinamento do club Náutico. Atividade e funcinamento da Unidade.

A Unidade é subdividida em quatro equipes, cada qual com seu médico, enfermeira e ACSs. Estas são divididas pelas cinco a sete microárias existentes em cada região (área colorida) da foto. Cada equipe possui uma sala de consulta, mas compartilham as salas de vacina, de curativos e de exames. A USF é composta ainda de um consultório odontológico, uma farmácia e um novo sistema de atendimento chamado Acolhimento que tem aliviado a lista de espera das consultas, mas que não surgiu só com esse propósito. Esse novo tipo de atendimento se move no sentido de atender às necessidades mais urgentes da comunidade, mesmo que estas não sejam,
à visão patológica da medicina, emergênciais. É importante frisar que cada equipe tem seu dia de Acolhimento e os casos mais graves são encaminhados para a Policlínica Barros Lima.

Há várias atividades realizadas na Unidade de Saúde como os grupos de Hiperdia, Planejamento Familiar e Campanhas de combate a doenças endêmicas, como a filariose e a dengue.


Reconhecimento do Território

A primeira atividade de APS I foi o reconhecimento do território, já que é a partir dele que lançamos estratégias para prevenir, tratar e curar os problemas de saúde da comunidade. Nela percebemos como os determinates sociais, econômicos, culturais e ambientais influenciam no processo saúde-doença. A importância da compreensão do território, portanto, consiste em projetos que irão ser feitos em cima da caracterização da desigualdade populacional para a promoção de saúde.

Na comunidade do Córrego da Bica notamos, por exemplo, que mesmo a coleta de lixo sendo relativamente regular, acontece o acúmulo dos mesmos nas ruas, córrregos, terrenos baldios, encostas de morros etc. Lixo esse que pode atrair vetores de inúmeras doenças como a dengue, filariose e leptospirose, doenças que acometem a comunidade.

Além do lixo, outros fatores levam ao acometimento de várias doenças, como o canal que corta a região sem nenhem tratamento, onde as crianças bricam em suas águas poluídas. A falta de equipamentos de lazer também é um grande agravante para o surgimento de violência e gravidez precoce entre os jovens, além é claro das doenças sexualmente transmissível. É fato que as crianças perdem seu senso infantil muito precocimente, como podemos ver nas escolas, que possuem professores com 17 anos de idade.

Em relação a atividade econômica da comunidade notamos a presença de uma grande variedade de mercearias, feira livre, algumas poucas farmácias, padarias e Lan Hause. Podemos encontrar também uma significativa presença de igrejas e associações religiosas de todos os tipos de religião. Existe uma associação de moradores e uma rádio comunitária, além de escolas estaduais, municipais e particulares.



Conhecendo o trabalho dos ASAs em suas atividades em Educação em Saúde

Surgiu uma oportunidade de conhecermos o trabalho de educação em saúde de alguns ASAs através de uma oportuna mudança rápida de planos da professora Adriana que percebeu a insuficiência de ACSs para que pudéssemos realizar as atividades do dia. Fomos à Escola Nova Descoberta assistir a uma palestra para crianças da quarta e quinta série sobre Dengue. Foi uma oportunidade única em que podemos entender o trabalho do componente cultural como determinante no processo saúde-doença. O objetivo de atingir as crianças era de dispersão de informações. Os ASAs possuíam o conhecimento prévio sobre o comportamento dessas crianças na comunidade. Eles entendiam que uma informação bem absorvida por elas era facilmente projetada para outras pessoas da família. Portanto os palestrante Elbânia Santos e Miguel Ângelo usaram diversos mecanismos para entrerter as crianças, através de outros conhecimentos sobre os costumes deles na comunidade. Eles fizeram uso de desenhos, vídeos, microscópios ópticos para mostrara a evolução do Aedes Aegypti e, principalmente, ofereceram estímulo, através de premiação, para a participação das crianças. Portanto, connhecendo-se o interesse pelos brinquedos e pela informação visual eles conseguiram alcançar o objetivo imediato que era de fixar a atenção dos alunos. Porém, o trabalho de educação em saúde produzido por esses profissionais atingiria não somente as crianças, que funcionaram mais como vetores, e sim a comunidade em geral. Nos inspiramos neles para fazer nosso trabalho de ação na comunidade.
Outro aspecto interessante sobre o momento vivenciado na escola é o precário espaço físico e consequente acúmulo de crianças em sala de aula. Estas, quase sempre, subdivididas para tentar suprir a demanda da comunidade. Problematizando assim, o risco de dispersão de doenças respiratórias, que são inclusive a maior causa de proucura ao posto de saúde.

Atendimento

O atendimento pelo médico é, principalmente, realizado no próprio Posto de Saúde. No entanto, em caso de pacientes acamados o profissional realiza visita domiciliar.

É fundamental ressaltar a geografia da comunidade a qual apresenta grande quantidades de ladeiras e escadarias o que dificulta o deslocamento de pessoas mais idosas ou com algum tipo de dificuldadde de locomoção até o Posto de Saúde. Nesse caso , também, alguns médicos vão até sua casa.

No aspecto do relacionamento do médico-paciente, é fundamental a convivência diária dos profissionais de saúde do PSF com as pessoas da comunidade no momento de distinguir a dor real do exagero e o sofrimento físico da carência psicológica.

Além da avaliação patológica, o médico faz perguntas rotineira sobre o sono, alimentação, higiene e exercícios que , naturalmente, estão atrelados a saúde do paciente. Existe uma relação simples, sem grande distanciamento, entre médico e paciente.

Pergunatas que não se limitam à doença são de suma importância, pois podem responder sobre as causas do surgimento das enfermidades.

Fatores desde o uso incorreto de proteção do trabalhador até o tipo do relacionamento do paciente com os seus familiares, são pistas preciosas para diagnosticar, compreender e até prevenir doenças.

Portanto, o médico está muito mais além de um patologista, ele deve trabalhar não somente com a doença, mas também com o meio ambiente através da influência que esse meio pode ter nas pessoas










quinta-feira, 5 de novembro de 2009

USF Peixinhos.

A USF Antônio Francisco Areias, situada no 2º distrito sanitário, é subdividida em duas microáreas: Saramandaia e Vila da Prata, que, embora precárias, apresentam algumas peculiaridades e até, de certo modo, contrastam entre si, considerando alguns dos pontos avaliados nessa primeira etapa da Atenção Primária à Saúde.




A comunidade abarcada pela USF Francisco de Areias é considerada como um todo em relação à topografia, sendo uma área plana e/ou à margem de rio ou canal. Na foto ao lado, percebemos tais características, sendo a parte esquerda da foto voltada para a Vila da Prata e a direita para Saramandaia. A topografia da região favorece a utilização do solo para fins residenciais, evidenciando, assim, uma semelhança entre as microáreas. Contudo, ainda se percebem instalações comerciais na Vila da Prata, sendo a grande maioria relacionada à reciclagem do lixo e ao ferro velho.


Muitas das instalações comerciais se confundem com espaços residenciais, pelo fato do lar, às vezes, ter tal função. É notória ainda a variação da conformação das
moradias, oscilando de casas de alvenaria a de materiais recicláveis ou de taipa. Além disso, em Saramandaia, as construções se dão à beira do canal que também drena outros bairros do entorno. Portanto, podemos perceber o quão influente é o meio que circunda essas moradias no processo saúde-doença, exarcerbando-se em Saramandaia, onde a precariedade é muito além do visível.

A microrregião como um todo apresenta discrepâncias relacionadas ao abastecimento de água (presente na Vila da Prata e
restrito a algumas moradias de Saramandaia) e ao sistema de esgoto. Na Vila da Prata foi observado um precário, porém presente, sistema de esgoto, ao passo que, em algumas ruas é ausente, restrito a fossas. Já em Saramandaia, o escoamento é direto no canal, dada a localização das instalações de moradia, a qual facilita essa forma de deposição de resíduos. Também, em virtude de tal forma de ocupação, são frequentes, em épocas de chuva, enchentes que levam os dejetos de encontro aos moradores ribeirinhos, causando-lhes enfermidades características, além de os desabrigarem. O fato descrito acima é agravado pelo acúmulo de lixo em algumas áreas onde a coleta é irregular, apesar de, em boa parte da região, o recolhimento ser feito em dias específicos pelo caminhão do lixo.

Todavia, nos últimos meses, foi observada certa mobil
ização do poder público, com a intenção de resgatar um pouco a dignidade da população mais carente, como a construção de um conjunto habitacional, em Saramandaia, para moradores que ali se encontram. Essa iniciativa pública integra o Projeto Pró-metrópole. Somado a isso, temos a presença do espaço multicultural Nascedouro de Peixinhos, que empreende atividades diversas com crianças e adolescentes, na tentativa de oferecer-lhes um ambiente especial, o do aprendizado.





segunda-feira, 12 de outubro de 2009

USF - SANTANA



A Unidade de Saúde da Família de Santana compõe o Distrito Sanitário III e localiza-se no bairro de Casa Forte, tendo como limites Casa Forte ao norte, Parnamirim a leste, rio Capibaribe ao sul e Poço da Panela a oeste. Assiste a população das microáreas de Santana, de Lemos Torres e de Vila Vintém, que abrangem cerca de 760 famílias.

Essa região possui relevo plano, portanto não há deslizamentos ou desmoronamento durante o período das chuvas. Entretanto, há problemas de saneamento básico, como esgoto à céu aberto, trechos sem calçamento e escasso abastecimento de água. Algumas moradias até possuem o sistema de abastecimento, todavia a água chega esporadicamente. Visando minimizar a falta de água, foram feitos poços na comunidade, porém testes indicam que boa parte desses contém coliformes fecais e, ainda assim, continuam sendo utilizados.



As comunidades são atravessadas por rios que, em épocas chuvosas, ocasionam cheias. Essas somam-se ao deficiente sistema de esgoto, no qual é jogado lixo, apesar de existir coleta regular. A junção desses fatores cria fontes de contaminação, dentre as quais a leptospirose evidencia-se. Além dos focos de ratos, também há grande quantidade de escorpiões e de Aedes aegypt , tanto que os moradores pedem constantemente venenos ao ASACE para o combate dessas pragas.


O solo é ocupado com muitas residências e pouco comércio e serviços. As moradias são pequenas e de condições precárias. Algumas são, inclusive, palafitas construídas sobre canais, as quais são alagadas quando chove. Além disso, são construídas de forma justaposta, aparentando que uma é continuidade da outra. Também há muitos barracos sob o viaduto próximo ao “Carrefour”. Apesar dessas más condições, ainda há criadouros de animais; exemplos: galinhas, porcos e cavalos.


Há uma Associação de Moradores localizada em Lemos Torres, que desenvolve diversas atividades, dentre as quais tivemos contato com reforço escolar para crianças do maternal até fundamental I. Foi-nos dito que a Associação tem reuniões quinzenais com os comunitários e que também distribui sopão.

Foi muito evidenciado pelo presidente da Associação a existência de um terreno de grande porte que é propriedade de uma empresa particular, o qual está sendo feito de depósito de lixo pela população circundante. O referido terreno também é gerador de pragas.

O posto de saúde não é muito movimentado. Não foi observado grande lotação, apesar das atividades lá desenvolvidas. Grupo de idoso e hipertensão, de diabetes, de prevenção na mulher e de terapia comunitária são alguns exemplos das atividades da unidade de Santana.

Algo importante é a educação sexual . Os agentes de saúde e o técnico em enfermagem informaram que crianças em torno de 9 anos praticam sexo e não aceitam os preservativos fornecidos pela unidade, embora exista um programa de educação sexual na unidade.

A população não demonstra muito interesse pelas funções da unidade de saúde da família por falta de conhecimento ou por comodidade. Por isso, às vezes, os tratamentos e as prevenções não são realizados satisfatoriamente.

Unidade de Saúde da Família José Severiano da Silva

A Unidade de Saúde da Família José Severiano da Silva abrange duas comunidades: Capilé e Canal do Arruda, sendo as duas bastante semelhante socialmente. A Unidade atende aproximadamente 8.000 pessoas, sendo dividida em 11 micro áreas, tendo cada uma a ACS responsável por atender cerca de 200 famílias.

Esgoto, lixo a céu aberto, exposição a animais errantes e pontos de drogas são as condições que o território oferece aos moradores da região. Foi possível observar que as características do ambiente são as principais responsáveis pelos focos de doenças, tais como: dengue, filariose e leptospirose. Outras manifestações clínicas como diabetes e hipertensão, doenças não relacionadas diretamente ao ambiente, são bastante comuns na área do Posto de Saúde. Enfim, em nossas visitas, encontramos fatores favoráveis ao desequilíbrio do processo saúde-doença espalhados por toda a comunidade, seja no território, seja nos hábitos da população.

Com a vivência mais intensa e com o estudo mais detalhado sobre a complexidade do Sistema de Saúde pudemos entender o que tem sido feito para mudar a realidade.

O Posto de Saúde da Família existe em um prédio doado pela Associação dos Moradores que foi desfeita há algum tempo. É um espaço bem dividido e organizado na medida do possível, pois é pequeno para atender duas comunidades. Infelizmente falta conforto para os pacientes e uma sala de apoio para se guardar itens pessoais e servir de descanso para os funcionários. Mas o destaque do Posto de Saúde são os profissionais. Isso porque eles são muito capacitados e o interesse deles transparece no exercício de suas atividades. A presença de dentista, médicos, enfermeiras e ACSs proporcionam uma assistência bem abrangente aos usuários. Vale ressaltar também a importância das palestras que são ministradas pelas ACSs e enfermeiras semanalmente direcionadas a promoção de saúde, tentando sempre conscientizar as pessoas. Essas palestras são realizadas no próprio Posto de Saúde direcionadas a certos grupos da população, como grávidas, diabéticos e hipertensos, no intuito de reforçar a atenção dessas pessoas para o cuidado com seu estado de saúde. A visita do ACS na casa das famílias é constante e reflete a tentativa de oferecer um suporte integral à população.

Além deles, os ASAs também realizam visitas nas casas ensinando as pessoas a não deixar água parada e a tratar a água potável, por exemplo. Os ASAs também cuidam dos esgotos a céu aberto, colocando produtos químicos para quebrar o ciclo de vida de larvas que crescem nessas águas sujas.

Durante a visita ao território conhecemos outras atividades sociais desenvolvidas na comunidade como a Pastoral da Criança, que realiza um trabalho assistencial na comunidade do Capilé. Além disso, existem na área creche, igrejas, escola e programa de distribuição de leite.

Nas comunidades do Capilé e do Canal do Arruda, verificamos a existência de diversos comércios informais, grande parte estabelecida em um cômodo dentro da própria casa. Esse tipo é mais simples com poucos produtos para vender. O dinheiro arrecadado é convertido para aumentar a renda da família. Outros estabelecimentos comerciais são maiores e vendem produtos mais diversos e estão localizados numa área mais movimentada do bairro.

Programas governamentais como o Prometrópole, apesar de não concluído, já promoveu mudanças consideráveis na região ao transferir famílias de locais de risco para habitações de melhores condições nos Conjuntos Habitacionais.

As pessoas da própria comunidade são carentes, simples e boa parte não tem instrução. Mesmo assim, conversando com alguns moradores, pudemos perceber que a população em geral adquiriu um pouco de consciência sobre os cuidados com a saúde a partir do trabalho dos ACSs e ASAs visitando a comunidade. Isso é algo estimulante para quem trabalha na promoção de saúde dia após dia em uma comunidade repleta de problemas e contrastes e é satisfatório ao mesmo tempo, pois é uma prova real de que esse trabalho tão difícil não é realizado em vão.


Clique aqui para assistir um clipe sobre as comunidades

Apresentação Clube dos Delegados - II Unidos


A comunidade de II Unidos, possui uma topografia variada, indo de morros na área alta, a terrenos de margem de rio, na área baixa. Possui, também, diversos tipos de moradias, desde casas em condições precárias a grandes casas de alvenaria, considerada uma área mais nobre. Seu sistema de esgoto vai desde a rede pública, fossas sépticas a canais a céu aberto que deságuam no Rio Beberibe. E assim como as diversas comunidades visitadas, apresenta problemas ambientais, socioculturais e de saúde.

A área próxima à Unidade de saúde Clube dos Delegados apresenta um contexto muito diferente as áreas mais afastadas. Vizinho à USF existem Conjuntos Habitacionais construídos pela Prefeitura, onde as ruas são calçadas, há rede de esgoto, coleta de lixo e abastecimento de água regular. Porém, esta não é a realidade vivida na comunidade de Dois Unidos.


Nas áreas de morro, essa questão do lixo é ainda mais preocupante. Como o terreno é muito acidentado, não é possível a subida dos apanhadores de lixo, mesmo aqueles com carroças, acarretando em vários problemas, pois o lixo começa a ser depositado ao lado das casas, onde crianças brincam, ou até mesmo em cima das casas, assim como foi observado por nós em um barranco, no qual havia uma casa logo em baixo. O fornecimento de água foi cortado devido a roubo de água por moradores de outra comunidade próxima. Dessa forma, moradores da parte alta da comunidade têm que descer o morro para carregar água, dificultando ainda mais a vida desses moradores, ainda mais de idosos, que por necessidade, descem e sobem os morros acidentados a todo momento para sobreviverem. Na parte baixa da comunidade, o lixo é acumulado nas ruas e/ou calçadas dando margem ao aparecimento de ratos, baratas, escorpiões e até cobras que podem causar sérios transtornos para a população. Na divisa com Caixa D’água, ainda na parte baixa, vimos o acúmulo de lixo sobre o Rio Beberibe, um dos principais fatores responsáveis pelas enchentes nessa área em épocas de chuva.


Uma grande preocupação também são os deslizamentos barreiras no alto dos morros, onde vimos construções sendo erguidas a poucos metros de um grande barranco, e também aos arredores da Unidade de Saúde, como observamos com a ocupação indiscriminada de casas, e onde até uma estação elevatória, construída para controlar os dejetos provenientes do Conjunto Habitacional, foi invadida e transformada em habitação.


Um dos principais problemas também encontrados na comunidade é a questão de esgoto a céu aberto. Até mesmo as construções do Conjunto Habitacional feitas pela prefeitura perto da Unidade de Saúde, possuem uma parte de seu esgoto para fora das galerias e que acaba tomando as ruas. Em época de chuva essa situação piora ainda mais. Começam a aparecer diversas doenças na comunidade, como leptospirose, dengue, filariose, cólera, dentre muitas outras. As principais acometidas com essas doenças são as crianças, que vivem brincando descalças perto dos córregos e dos esgotos a céu aberto, e que geralmente possuem uma alimentação precária, contribuindo ainda mais para a gravidade das patologias.


Quanto à Unidade de Saúde da Família do Clube dos Delegados, pode-se ver que é uma unidade bastante nova, recém-inaugurada no dia 14 de Agosto de 2009, uma semana antes da nossa chegada à unidade. Ela possui uma boa estruturação, com ambiente climatizado com vários ventiladores na recepção, segurança patrimonial, salas e consultórios bem organizados, com equipamentos novos, sala de expurgo e esterilização novas e organizadas, e ambiente agradável. Há também consultório odontológico, consultórios médicos e sala de vacinação que pode atender às necessidades de saúde das famílias que se situam próximo ao posto, além de enfermeiros e médicos, necessários para o bom funcionamento da unidade.



Pudemos ver também diversas manifestações sociais e culturais através de igrejas católicas, evangélicas e centros espíritas, além de associação de moradores, escolas, projetos como o Pró-Metrópole, comércio diversificado, incluindo um grande mercado popular e o terminal de ônibus de Dois Unidos.

Porém, sentimos que ainda falta um programa que tenha como objetivo a conversa com as famílias, a fim de educá-las e conscientizá-las de que simples medidas podem evitar muitas doenças e, evitando-se essas doenças, diminuir-se-iam os gastos e a demanda das USF, fazendo com que os investimentos tenham por objetivo melhorar o ambiente em que a população vive, para depois garantir a qualidade do atendimento na Unidades de Saúde da Família, as quais visam o tratamento de doenças que poderiam ser evitadas com uma simples reeducação ou prevenção. Esses projetos de re-educação, ou até mesmo educação sanitária, poderiam ser feitos nas escolas, em casa, ou nas reuniões comunitárias com o intuito de levarmos uma melhor qualidade de vida à nossa população.

domingo, 11 de outubro de 2009

Comunidade córrego da fortuna

ÁREA: córrego da fortuna-II irmãos.

são 8 micro áreas ,apresentando uma micro área inativa devido a falta de uma,das 8 ACS do comunidade do córrego da fortuna.

TOPOGRAFIA: alta e baixa. Regiões íngremes acumulam areia em tempo de chuva, formando muita lama em certos pontos da comunidade.sendo também presente encostas com risco de deslizamento.

USO DO SUBSOLO: solo agrícola e residencial. Há também, áreas com vegetação natural bastante arborizada, Logo há baixa incidência de doenças respiratórias.

O terreno onde esta a comunidade é propriedade da UFRPE. A comunidade de córrego da fortuna é resultado de uma invasão populacional, geradora de um crescimento social desordenado na área, conseqüentemente há uma problemática nas condições de moradia e serviços sócio-ambientais, prejudicando inclusive a utilização adequada do solo.

POPULAÇÃO: a comunidade do córrego possui aproximadamente 4100 ,formando 1160 famílias, sendo apenas 1039 famílias cadastradas e 914 com visitas domiciliares mensais, em media 4 pessoas por família.

CONDIÇOES DE MORADIA :precária na maioria dos casos.O acumulo de materiais de construção,assim como a presença marcante do lixo a céu aberto em determinados pontos gera a presença de escorpiões e de ratos,familiarizados com essas condições.há problemas com a limpeza de calhas e prevenção de águas paradas permitindo a proliferação de mosquitos e pragas.existe um problema na desratização,haja vista,ser um procedimento restrito a 10 dedetizações semanais para toda a comunidade,devido a quantidade limitada de funcionários e equipamentos necessários ao serviço.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA: O abastecimento de água é um sistema comunitário.nesse sistema de fornecimento de água,há presença de bombas e calhas para obtenção de água de poços.O serviço da compeza não esta presente na comunidade devido o auto custo requerido.Desse modo os moradores pagam uma taxa fixa mensal de 10,00 reais,para manutenção e fornecimento de água a uma empresa contratada.Não há rede encanada,já que esta também é serviço da compesa,ficando desse modo o esgoto a céu aberto.

SISTEMA E ESGOTO:Não há encanação,pois este seria um serviço da compesa,assim como a manutenção do sistema de esgoto.Encontra-se,desse modo,esgoto a céu aberto e fossas residenciais,estas muitas vezes despejadas no esgoto a céu aberto,segundo moradores da região.além disso,há um sistema de drenagem precário e ineficiente nas ruas da comunidade.

COLETA DE LIXO: A coleta de lixo ocorre de maneira indireta ,devido à dificuldade de acesso ,ocorre o acumulo de lixo em determinados pontos.Dessa forma o lixo é amontoado nesses pontos da comunidade,potencializando os riscos à saúde publica.

EQUIPAMENTOS SOCIAIS: A comunidade se articula pela associação dos moradores e é composta por:um clube que realiza atividades esporádicas;uma escola superlotada;um campo de futebol em condições precárias e uma farmácia.A questão religiosa é diversificada:apresenta quatro igrejas evangélicas,dois centros espíritas ,uma igreja católica e um terreiro de umbanda.A comunidade ainda apresenta duas padarias,vários matadouros,uma academia de ginástica e cinco supermercados

ANIMAIS ERRANTES:A comunidade apresenta a circulação de vários animais,como cães,gados,porcos,aves domesticas e urubus atraídos pelo lixo (existe até urubu de estimação em uma casa da comunidade,o bento barruam).A presença desses animais aumenta os riscos á saúde,,pois o lixo a céu aberto pode ser espalhado por esses animais,alem das doenças que eles podem transmitir naturalmente.Os criatórios de porcos representam grande ameaça a saúde,pois a topografia do terreno propicia a dispersão destes dejetos pelo ambiente.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Comunidade Córrego da Furtuna

O documentário “Estamira” relata a história de uma senhora em meio a um lixão. Um filme bastante crítico que expõe, claramente, o descaso governamental para com a sociedade mais carente, não deixando de enfocar a influência do meio na questão Psico-social
e consequentemente na saúde, pois a mesma não é somente o bem estar físico, e sim uma complexa rede que inclui fatores sociais, ambientais e psicológicos. Além disso, possui elevada carga ética e emocional que são ministradas pelas falas da personagem Estamira.
Estamira é uma mulher que teve uma vida conturbada desde a infância. Quando criança sofreu abuso sexual, fato que volta a acontecer durante sua vida adulta, e que a faz perder gradativamente a confiança no outro. O fato de a personagem ter passado por relacionamentos difíceis –nos quais, a traição se fez presente- e que a levara a abdicar de seu relacionamento com a mãe, repercutiu de forma decisiva na sua “qualidade de vida”. E a última separação parece ter sido o “limite” do que se pode suportar. Ela, então, se entrega a miséria do lixão.
“Montanhas que fumaçam” esta é a definição do meio que Estamira vive. Não são vulcões, mas montanhas de lixo em processo de decomposição que liberam gases tóxicos e permitem a proliferação de inúmeras infestações de animais nocivos à saúde humana. Dessa forma, doenças como a leptospirose, as infecções intestinais, o botulismo, a cólera e a dengue tornam-se freqüentes e alarmantes. Logo, a constatação de que homens, insetos e urubus competem pelos restos encontrados no lixão é intrigante, e nos faz refletir sobre a nossa posição diante da dor do outro.
Nessas condições, não se pode falar de “saúde” física quando ao homem é negado o direito ao acompanhamento psicológico, social e educacional. Acompanhamentos, estes, que não apenas permitam uma melhor qualidade de vida para o indivíduo doente, mas que, também, atuem de forma preventiva.
No documentário, falas como: “Eu sou Estamira, eu to cá, eu to lá, eu to em todo lugar’’; “esqueceram da gente, somos tratados como monstros”, revela a invisibilidade perante o governo e a sociedade. Mostram, também, a proporção do problema e até onde pode chegar a falta de cuidado e responsabilidade daqueles que governam. Portanto, a percepção de que somos todos sujeitos e agentes no meio e que não podemos permitir a existência de “Estamiras” em nossa sociedade, é fator fundamental para a transformação do meio. E para isso, é necessário nosso envolvimento nos questionamentos, na cobrança e nas questões político-sociais.
Em Estamira pouco pode se falar de esperança, já que ela perdera - segundo a medicina - o senso comum, a percepção do real, a crença no outro e naquilo que ele pode oferecer. Já não são válidas as instruções médicas, tão pouco, as orientações e interferências, tão pouco, as orientações e interferências daqueles que a cercam. Para a personagem, a vida se resume ao que o lixão proporciona. São poucos os momentos de 'lucidez', contudo, suficientes para que nela seja despertado o desejo de justiça e revolta social.

USF SANTANA - RESENHA SOBRE O FILME ESTAMIRA

SOBRE A TERCEIRA MARGEM DO RIO, ESTAMIRA E A VISITAÇÃO À COMUNIDADE LEMOS TORRES – EM SANTANA.

“Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais.(...)
Ninguém é doido. Ou, então, todos.”
(João Guimarães Rosa – Primeiras Estórias)



O conto “A Terceira Margem do Rio”, de Guimarães Rosa, relata de maneira bastante poética a trajetória de um pai de família que – ao se perceber no início da sua loucura – decide viver à margem da sociedade, assim cria uma terceira margem para o rio e lá vivendo até a sua morte. Guimarães, que – de formação – era médico, percebia o sofrimento dos acometidos por transtornos mentais e a incapacidade desta sociedade os acolher em seu meio. Não é à toa que – transcorridos 47 anos da publicação daquele conto, hoje, no Brasil ainda se debate bastante sobre a Reforma Psiquiátrica.
Estamira – em tempos de novelas indianas – poderia, para quem ainda não assistiu ao filme, significar a próxima novela das oito: em uma cidade lá no leste do Oriente Médio, chamada Estamira , vive uma mulher, com nome homônimo à sua terra natal, aprisionada pela cultura arcaica do Talibã, foi condenada a se casar com um cruel e asqueroso senhor Talibanês, mas o seu coração está entregue ao jovem forte, dominador “Libertanês”. Bem, isso é o que – talvez, algum “noveleiro” escrevesse.
Contudo, o filme revela uma outra Estamira – cuja história de vida é a “cara” das desigualdades Brasileiras. Assim, Marcos Prado, um exímio fotógrafo e sensível cineasta tenta – em 115 minutos – mostrar a trajetória de uma mulher cujos abusos se iniciaram na mais tenra idade (o primeiro estupro aos nove anos), a compulsória experiência no prostíbulo – desde os doze anos até os dezessete, quando conhece aquele que viria a ser o seu primeiro esposo. Semelhante a um conto de fadas, a protagonista encontrou o príncipe que a retirou das masmorras da prostituição e lhe deu um lar, na Rua Castelo de Guimarães... Embora pareça um conto de fadas, na película não se pode dar por encerrada a história com esse desfecho, porque não tardou muito para as brigas, os maltratos, ciúmes e todos os desajustes familiares destronarem a “princesa” do seu “Castelo”. Ademais, sob a pressão de Lepoldo, o marido, Estamira decide internar forçadamente a sua genitora (fato do qual nunca viria a se perdoar) que apresentava transtornos mentais – herança herdada pela protagonista. Mais tarde, ela, Estamira, também será levada amarrada a um hospício, semelhante a um monstro – eram assim tratados os doentes psquiátricos (ainda bem que vem mudando!!!)mas consegue se livrar da internação. Para piorar ainda mais a vida daquela personagem, com os seus delírios, ousa blasfemar contra Deus-um ser intocável numa sociedade erguida por pilares judaico-cristãos, como a nossa. Ora, só um “doido” teria uma coragem dessas!!!
Só bastavam os estupros para ter desmantelado qualquer pessoa por toda uma existência...
Destarte, Estamira parece não caber nas margens dessa ‘civilização’ e decide criar, semelhante ao conto de Guimarães , uma terceira margem para viver. E encontra, como corrobora a placa exibida no documentário: GRAMACHO – ÚLTIMA SAÍDA – 1Km.
Então, o Jardim Gramacho, grande aterro sanitário no Rio de Janeiro, na realidade um eufemismo de “lixão”, é – de fato – uma porta que se abre com mais de uma saída, como diria João Cabral de Melo Neto, onde cada individuo é visto de acordo com a sua idiossincrasia, são seres humanos que misturados aos lixos se transformam em descuidos sociais.
Lá, no lixão, Estamira vive mais tranquila do que no hospício, parece ter amigos. Impressiona ainda o fato de – apesar de trabalhar sobre o lixo, a sua casa é muito limpa com o terreiro bem varrido! Ali, ela se sente tanta gente que é capaz de repetir o próprio nome constantemente, como se dissesse EU EXISTO! Há quem pense se tratar de uma louca, com uma eloqüência exacerbada, mas muitas das reflexões pronunciadas por ela, remetem às provocações de Sócrates, Platão, Nietzsche, Kant, Schopenhauer, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Augusto Cury e tantos outros que se debruçaram sobre a alma humana. Sob a lente de Marcos Prado, Estamira ganha visibilidade e expande sua voz para uma sociedade que insiste em esconder favelas com outdoors, negligencia e abusa das suas crianças, aceita as desigualdades sociais como destino e modifica a taxionomia – reduz seres humanos a urubus!!!
Infelizmente, a Comunidade Lemos Torres – em Santana – não se deparou com nenhum Marcos Prado, pelo menos no nosso grupo-para mostrar ao povo recifense, quiçá ao Brasil, a tensão vivida por aquela comunidade.
Hoje, Lemos Torres está situada em uma área nobre da Região Metropolitana do Recife, envolta por arranha-céus, shopping, quartel para filhos de ricos (sim, pois o CPOR foi criado para alistamento da classe rica do Estado, porque pobre vira soldado, mas rico se torna Oficial da Reserva!!!), Bares, Restaurantes e – até – Mac Donald’s (Tenha um Mac Dia Feliz – povo da Lemos Torres, poderia ser a voz daquele palhaço!), exatamente na entrada da comunidade.
Embora, geograficamente, esteja localizada em uma região privilegiada, aquela comunidade sofre com desemprego, lixos, casas de palafitas sobre um canal, crianças mal nutridas, filaríose, drogas (inclusive o alcoolismo), falta de água e ainda a tensão de saber que – a qualquer momento- serão despejados, mesmo com indenização, para algum lugar dessa cidade, sob o argumento da construção de uma perimetral naquele lugar, mas se sabe dos interesses financeiros das grandes construtoras por aquela área- são “os espertos ao contrário”...
Pois é, Comunidade Lemos Torres, não transformaremos você em filme, mas – oxalá – muitas pessoas leiam o blog!!!
Ao terminar o filme, volta-se à realidade. Comentar-se-á a película por um dia, uma semana, um mês – talvez. Todavia, as impressões serão apenas as (pré) sentidas, porque as verdadeiras continuarão lá com as milhares de Estamiras por esse Brasil a fora: as mulheres violentadas, as crianças miseráveis, as pessoas portadoras de deficiência, os negros, os homossexuais, os desempregados, os índios, os nordestinos, os analfabetos e toda uma legião de excluídos, que – forçadamente – terminam por encontrar uma terceira margem para tentar sobreviver.
E a nós, futuros doutores, médicas e médicos, Estamira faz um alerta: “Eu conheço médico direito, ela é uma copiadora.eles estão dopando quem quer que seja com um só remédio”, mais ainda “ A tua lucidez não te deixa ver...” e “ Eu quero que a minha verdade seja escutada”, assim, todas as vezes que não nos dispusermos à escuta, a compreensão ao entendimento, deixando-nos guiar apenas pela “lucidez” da técnica, dificilmente, poderemos tratar doentes – curaremos apenas a doenças, seremos uma espécie de “trocadilho” e quando se apagarem as luzes do nosso palco estaremos a ver Estamira, velha, indignada a gritar aos nossos ouvidos: Você não é inocente não, é um “esperto ao contrário”, “esperto ao contrário”!!!

USF - Dois Unidos (Bianor Teodósio)

Filme Estamira
Resenha Crítica
A mente humana é capaz de realizar diversos feitos a fim de fugir de uma realidade cruel muitas vezes imposta ao indivíduo. Tal habilidade, os motivos que levam o homem a utilizá-la e o nível de alienação apresentado são abordados no documentário Estamira. O filme também aborda temas como a vida nos aterros sanitários e a miséria no Brasil.
O documentário revela a história de vida de uma mulher chamada Estamira, 63 anos de idade, que trabalha há mais de vinte anos num aterro sanitário, onde mais de oito mil toneladas de lixo, produzido no Rio de Janeiro, são descarregadas por dia. Estamira é viúva, sofre de distúrbios mentais e já foi internada em um hospital psiquiátrico pelos seus três filhos, fato que até hoje não perdoa. A protagonista do documentário também sofreu abuso sexual pelo pai, foi estuprada três vezes e já se prostituiu. Ela cresceu num ambiente familiar conturbado, fase em que presenciou diversas brigas entre seus pais, alem de ter sido traída pelo seu marido durante seu casamento infeliz.
O filme também aborda outra questão social: pessoas que vivem do lixão e estão susceptíveis a várias doenças, devido à exposição e contato com o lixo sem a necessária proteção, estando sujeitos a infecções bacterianas em geral e a problemas respiratórios devido à queima do lixo. Essa situação é rotina não só da personagem, mas de muitos brasileiros que não são suficientemente informados sobre os riscos da exposição ao lixo ou que não tem outra opção de sustento, senão a exploração do material.
Devido a tantas dificuldades encontradas por Estamira durante sua vida, ela é inconformada e revoltada não só com o sistema (de acordo com o relacionamento e a organização social), mas também com o próprio Deus, que em sua opinião, não existe, uma vez que ela já sofreu tanto e Ele não fez nada para ajudá-la. Ela também se recusa a ser ajudada no tratamento por uma sociedade hipócrita, muitas vezes se voltando até contra os filhos, fator responsável por ela abandonar o tratamento psiquiátrico oferecido pelo SUS logo que começou.
Apesar de suas perturbações, incluindo a criação de vozes, lugares e até situações, Estamira vive momentos de certa lucidez, nos quais defende, por exemplo, a importância do trabalho na formação do caráter e condena o trabalho em forma de sacrifício Ao qual são submetidos não só ela como também a população mais pobre em geral. Ela também apóia a igualdade social e a implementação do sistema comunista de governo. Apesar de fugir de uma realidade inconcebível, Estamira tem consciência de que sofre de distúrbios mentais e do que acontece no mundo ao seu redor, fator importante na formação de sua opinião.
A história que, na ausência de uma abordagem aprofundada, parecia mais um caso de necessidade de cuidados psiquiátricos se torna, nas mãos do diretor, uma envolvente trama que trata, ao mesmo tempo, de problemas sociais importantes, como a miséria, a saúde pública e o perigo a que as pessoas que trabalham no lixo estão sujeitas, além de trabalhar as razões que levam um ser humano a desenvolver problemas mentais, através da reconstrução do seu passado. Além disso, o diretor enfatiza o nível de lucidez e o potencial de diálogo apresentado por Estamira, desmistificando o fato de portadores de problemas mentais não serem capazes de ter coerência no raciocínio e uma visão crítica social bem elaborada.

USF Peixinhos- "Controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez."

Em um aterro sanitário do Jardim Gramado, em Duque de Caxias,sobrevive ESTAMIRA , uma mulher marcada pela dor , pelo consciente e inconsciente , pelo desprezo e , como ela mesma relata ,“com a missão de revelar a verdade, somente a verdade”.Tal personagem , através dos seus constantes “delírios críticos” e ínfimos momentos de sobriedade , deixa transparecer as intimas condições físicas, psíquicas e sociais vivenciadas pelos moradores dos aterros sanitários , trazendo a tona não só uma realidade local, mas um condição presente em todas as regiões no Brasil.
Como um dos temas retratados tem-se o desperdício, motivado por um padrão consumista, que induz à criação de cidadãos desinteressados com o bem coletivo. Tal fato leva à produção desenfreada e ao acúmulo, cada vez mais freqüente nas grandes cidades, de um lixo utilizado por uma população que orbita em torno de locais à procura de comida, vestuário, materiais para a construção de moradias paupérrimas e de trabalho. A exemplo, tem-se o lixão da Muribeca, no Recife, que comporta diariamente mais de 1200 cidadão que catam, em média, 2400 toneladas de lixo por dia, demonstrando o cruel paradoxo social de uma cidade que não é capaz de assegurar uma condição digna de trabalho, moradia e perspectiva de vida para todos.
Outro assunto de fundamental importância, relatado nesse documentário, refere-se ao abuso sexual sofrido pelos catadores. As maiores vítimas são do sexo feminino, uma vez que, desprotegidas em suas próprias residências e obrigadas a desbravar as noites e os dias em locais insalubres, terminam tornando-se vulneráveis aos agressores, seres incapazes de respeitar a dignidade do outro, e que, em alguns casos, contaminam suas vítimas, com doenças sexualmente transmissíveis e provocam transtornos e lesões emocionais irreparáveis. Como paradigma, tem-se o relato da filha de ESTAMIRA, Carolina, ao descrever as cenas de tortura física e desprezo humano sofrido por sua mãe, ao ser estuprada duas vezes no centro da cidade .
Os problemas relatados anteriormente, não apenas marcam a vida dessas pessoas, mas refletem no aumento de investimentos em profissionais destinados à minimização de doenças de caráter neurofisiológico e na compra de medicamentos para o tratamento adequado do paciente carente . Além das citadas observações, ao longo do filme é notória uma crítica veemente ao descaso médico, no seu processo de atendimento. Muitos profissionais de saúde tratam os pacientes como uma máquina fisiológica, não correlacionando o seu contexto social aos problemas apresentados e desrespeitando a necessidade de tratamentos compatíveis com a realidade de cada cidadão. Esse cenário norteia a temática final do documentário e a vida real desses moradores e trabalhadores de lixões.
Enfim, como todo filme que retrata uma realidade social marcada pelo determinismo, no qual o homem é tido como um mero produto do meio, ESTAMIRA cheira à revolta, à descrença (“Que Deus é esse?” “Só pra otário, pra esperto ao contrário, bobado, bestalhado ...”Quem andou com Deus dia e noite, noite e dia na boca ainda mais com deboches , largou de morrer ?” ....) e a lixo , o “lixo de pessoas” que a sociedade ajuda a criar todos os dias .

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

APS - Clube dos Delegados

“Estamira está em todo lugar”. A frase, tantas vezes repetida por Estamira, só nos faz refletir o quão de realidade que ela representa, principalmente nas grandes cidades.
A Estamira esquecida das periferias, dos lixões, dos morros, das ruas. Estamira que vive à margem da sociedade, sem saúde, sem moradia, sem comida, sem condições dignas de viver.
Que teve uma infância difícil, molestada pelo padrasto na adolescência, acaba se prostituindo, tem um casamento marcado pela violência e pela infidelidade e acaba em uma velhice sozinha, sem esperança e sem fé. Como cobrar a fé e a crença em Deus, de uma pessoa que teve toda a sua vida marcada pela desgraça, que nunca teve a certeza da existência de Deus ao seu lado? Um Deus inventado por seres humanos para poderem justificar suas maldades. Estamira só acredita naquilo que ela pode ver e tocar. “Um coqueiro é real, Deus não é real”.
Mulher com problemas mentais, mas que muitas vezes camufla muita sabedoria em sua falta de lucidez, com o chamado “trocadilho”. Revoltada com a mentira e a hipocrisia, Estamira cita várias vezes em seus discursos que não existe mais inocente, o que há, é o esperto ao contrário.
O Documentário mostra o descaso a que essas tantas “Estamiras” são submetidas, revelando as condições de saúde social e mental, que são bastante precárias e e da loucura, que foi para ela, uma forma de fuga, criando um mundo imaginário, onde ela não precisa mais pensar na sua realidade.
Em um olhar mais crítico, “mira”, em espanhol, significa “olhar”. Sendo assim, “Esta-mira” significaria um olhar mais humano das mazelas sociais e da realidade vivida, por uma simples catadora de lixo de Jardim Gramado, que se sente feliz por uma simples coisa: sair do lixão (trabalho) e ter um teto sagrado (barraco), para descansar todos os dias. Estamira desemboca no lixo das misérias humanas, da mentira, da canalhice, da vergonha. Ela é contra o descaso, a imoralidade, a falta de humildade. Uma mulher que pensa no bem coletivo e diz: “Quando eu desencarnar, eu quero ajudar alguém” e “Tenho dó dos homens”.
Em suas confusões, ela faz muitas reflexões como: “Deus é o próprio trocadilho”, e “Catadores de lixo são escravos de libertos.”
Estamira é um misto de filosofia, loucura e lucidez. Todos precisam de Estamira, ela está em todo lugar, tudo mais é resto e descuido.



Título Original: Estamira
Gênero: Documentário
Duração: 115 min.
Ano: Brasil - 2006
Distribuidora: Riofilme / Zazen Produções Audiovisuais
Direção e Roteiro: Marcos Prado
Site Oficial: WWW.estamira.com.br

USF CÓRREGO DA BICA

Estamira

Tudo é Estamira.
Tudo faz parte de Estamira.
Estamira é assim, vê o mundo e participa dele, muito embora, ao olhar dos outros, tudo o que há nela é loucura. Logo, deveria ser loucura o que ela diz. Mas não, é a verdade.

É verdade que há lixo na gente.
É verdade que nós vivemos para trabalhar.
É verdade que a natureza é insultada.
É verdade que nós mesmos temos raiva do homem.
É verdade que não poupamos nada.
É verdade que nós achamos que aprendemos na escola.
É verdade que nós, muitas vezes, duvidamos de Deus.
É verdade que nos sentimos presos à vida e por isso não somos livres.
É verdade que somos indivíduos eternamente doentes por tudo isso e muito mais.
Estamira não é isso. “Isso são Eles”.

Ela apenas vive no lixo. Incapaz de fazer mal a alguém sobrevive em uma profunda depressão que é resultada de uma vida violenta e repleta de traições. No filme, o ambiente (o lixão de Natal) representa os sentimentos negativos de Estamira pela vida, mas ele não modifica em nada seu espírito. “A terra é indefesa e a minha carne é indefesa. A minha alma não é indefesa não”. Sua loucura a mantém longe do mundo real, seus devaneios são os maiores responsáveis pela permanência dela naquele lugar. Ele a torna mais resistente. Há permanente silêncio nos discursos feitos no lixão. Isso porque só existe Estamira naquele lugar, não em corpo (há outros catadores de lixo), mas em espírito. A voz dela é o que interessa para o diretor porque ela é a pessoa que tem “lucidez nos olhos e é ciente na mente”, ou seja, ela consegue ver dimensões humanas que, muitas vezes, nós não alcançamos. A responsabilidade e a solidariedade do indivíduo para com o mundo é o que cerne as visões de Estamira.

Estamira não vive por dinheiro. ”Dinheiro sou eu que faço”. Ela conhece o prazer do labor e a necessidade do descanso. Ela cita partes da bíblia no filme para argumentar, “Trabalhar, não sacrificar - alimentai o corpo com o suor do vosso rosto, não com sacrifício”. Ela enxerga o péssimo modo de vida dos outros, “os trocadilo”, que vivem trabalhando para consumir mais e mais sem poupar nada. Acumulam muito lixo útil, destruindo, assim, o espaço em que vivem. “Quem economiza tem”, diz Estamira que nos avisa, também, que a natureza não é o espaço, ela é a nossa casa – “O cometa (comandante da natureza) é aqui em baixo, lá em cima é só o reflexo”. Quando nós falamos em preservar a natureza, sempre nos excluímos dela, reservas ecológicas são construídas. Estamira nos lembra que fazemos parte da natureza e mesmo assim temos raiva do próprio homem, homem-natureza. Fazemos mal ao próximo por ganância. “Os trocadilo é tudo coisa ruim” e ela continua: “não tenho raiva do homem, tenho dó... os homem é o trocadilo dos inocentes ao contrário”.

Estamira também tem muito a ensinar sobre conhecimentos gerais. Não se estuda sobre a vida, se vive a vida - “Vocês não aprendem na escola, vocês copiam, vocês só aprendem com as ocorrências”. Estamira aprendeu como a vida pode ser difícil, “não tenho mais dó nem de Jesus nem de escravo”, para as pessoas que não fazem “trocadilos”. Ela deixou completamente de acreditar em Deus porque ele não resolveu o problema de ‘desfazer’ os homens. O problema do mundo é o homem, segundo Estamira – “...a solução é o fogo! Queima todos os ser e põe outro no lugar”. O homem que acha que só porque entendeu seu corpo (“o controle remoto”) pode ter saúde e controlar em curto prazo sua vida. Com um olhar na vida de Estamira se entende que saúde não é o que nós temos. Se Estamira é doente porque é ‘louca’, o que se diz do filho dela? O homem considerado normal, que a abandonou porque estava doente? Ou dos homens que a estupraram? Do marido que a traiu? Dos que jogam comida fora? Dos que jogam lixo na rua? Nós somos tão loucos e tão doentes quanto Estamira. Ela, pelo menos, conseguiu uma lucidez para a paz de sua alma, embora não do seu coração. Este, doente de ódio pelo ex-marido, pelos homens e pelas ‘injustiças de Deus’.

Tendo sido, antes, uma pessoa religiosa, os sofrimentos passados por Estamira fizeram-na uma pessoa descrente. Talvez, a necessidade de acreditar em algo que nos sustente e proteja fez com que ela se colocasse, espiritualmente, em uma posição superior aos demais humanos, uma maneira de se reerguer numa vida desacreditada e injusta. Isolada com o seu poder e com raiva do mundo, Estamira vive e comporta-se, ao olhar dos outros, como uma louca.

A loucura está no fato de nomear e tentar explicar no ‘seu mundo’ o mundo externo. Quereríamos nós que o mundo externo fosse o mundo de Estamira. Seria um mundo bem mais justo, sem excessos e enganações (trocadilhos), porque ela entedia que o gás do lixo fazia mal, assim como os homens trocadilhos de hoje. “...as bolha é tóxico. Tem gente que não se habitoa”, assim como ela mesma não se habituou.