segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Apresentação Clube dos Delegados - II Unidos


A comunidade de II Unidos, possui uma topografia variada, indo de morros na área alta, a terrenos de margem de rio, na área baixa. Possui, também, diversos tipos de moradias, desde casas em condições precárias a grandes casas de alvenaria, considerada uma área mais nobre. Seu sistema de esgoto vai desde a rede pública, fossas sépticas a canais a céu aberto que deságuam no Rio Beberibe. E assim como as diversas comunidades visitadas, apresenta problemas ambientais, socioculturais e de saúde.

A área próxima à Unidade de saúde Clube dos Delegados apresenta um contexto muito diferente as áreas mais afastadas. Vizinho à USF existem Conjuntos Habitacionais construídos pela Prefeitura, onde as ruas são calçadas, há rede de esgoto, coleta de lixo e abastecimento de água regular. Porém, esta não é a realidade vivida na comunidade de Dois Unidos.


Nas áreas de morro, essa questão do lixo é ainda mais preocupante. Como o terreno é muito acidentado, não é possível a subida dos apanhadores de lixo, mesmo aqueles com carroças, acarretando em vários problemas, pois o lixo começa a ser depositado ao lado das casas, onde crianças brincam, ou até mesmo em cima das casas, assim como foi observado por nós em um barranco, no qual havia uma casa logo em baixo. O fornecimento de água foi cortado devido a roubo de água por moradores de outra comunidade próxima. Dessa forma, moradores da parte alta da comunidade têm que descer o morro para carregar água, dificultando ainda mais a vida desses moradores, ainda mais de idosos, que por necessidade, descem e sobem os morros acidentados a todo momento para sobreviverem. Na parte baixa da comunidade, o lixo é acumulado nas ruas e/ou calçadas dando margem ao aparecimento de ratos, baratas, escorpiões e até cobras que podem causar sérios transtornos para a população. Na divisa com Caixa D’água, ainda na parte baixa, vimos o acúmulo de lixo sobre o Rio Beberibe, um dos principais fatores responsáveis pelas enchentes nessa área em épocas de chuva.


Uma grande preocupação também são os deslizamentos barreiras no alto dos morros, onde vimos construções sendo erguidas a poucos metros de um grande barranco, e também aos arredores da Unidade de Saúde, como observamos com a ocupação indiscriminada de casas, e onde até uma estação elevatória, construída para controlar os dejetos provenientes do Conjunto Habitacional, foi invadida e transformada em habitação.


Um dos principais problemas também encontrados na comunidade é a questão de esgoto a céu aberto. Até mesmo as construções do Conjunto Habitacional feitas pela prefeitura perto da Unidade de Saúde, possuem uma parte de seu esgoto para fora das galerias e que acaba tomando as ruas. Em época de chuva essa situação piora ainda mais. Começam a aparecer diversas doenças na comunidade, como leptospirose, dengue, filariose, cólera, dentre muitas outras. As principais acometidas com essas doenças são as crianças, que vivem brincando descalças perto dos córregos e dos esgotos a céu aberto, e que geralmente possuem uma alimentação precária, contribuindo ainda mais para a gravidade das patologias.


Quanto à Unidade de Saúde da Família do Clube dos Delegados, pode-se ver que é uma unidade bastante nova, recém-inaugurada no dia 14 de Agosto de 2009, uma semana antes da nossa chegada à unidade. Ela possui uma boa estruturação, com ambiente climatizado com vários ventiladores na recepção, segurança patrimonial, salas e consultórios bem organizados, com equipamentos novos, sala de expurgo e esterilização novas e organizadas, e ambiente agradável. Há também consultório odontológico, consultórios médicos e sala de vacinação que pode atender às necessidades de saúde das famílias que se situam próximo ao posto, além de enfermeiros e médicos, necessários para o bom funcionamento da unidade.



Pudemos ver também diversas manifestações sociais e culturais através de igrejas católicas, evangélicas e centros espíritas, além de associação de moradores, escolas, projetos como o Pró-Metrópole, comércio diversificado, incluindo um grande mercado popular e o terminal de ônibus de Dois Unidos.

Porém, sentimos que ainda falta um programa que tenha como objetivo a conversa com as famílias, a fim de educá-las e conscientizá-las de que simples medidas podem evitar muitas doenças e, evitando-se essas doenças, diminuir-se-iam os gastos e a demanda das USF, fazendo com que os investimentos tenham por objetivo melhorar o ambiente em que a população vive, para depois garantir a qualidade do atendimento na Unidades de Saúde da Família, as quais visam o tratamento de doenças que poderiam ser evitadas com uma simples reeducação ou prevenção. Esses projetos de re-educação, ou até mesmo educação sanitária, poderiam ser feitos nas escolas, em casa, ou nas reuniões comunitárias com o intuito de levarmos uma melhor qualidade de vida à nossa população.

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